O
Mosteiro de Guadalupe é um dos grandes santuários
marianos espanhóis.
Fica
na Serra de Guadalupe, na Estremadura; província de Cáceres,
cercado de montes inóspitos. Quem o pretenda visitar pode sair
por Marvão, em direcção a Cáceres e
Trujillo e passadas menos de duas centenas de quilómetros,
está em Guadalupe.
Durante
a Idade Média, as romagens acorrendo ali em força,
fizeram com que o Santuário se engrandecesse e que a devoção
a Nossa Senhora se espalhasse por muitos santuários, dispersos
por países de língua espanhola. A Cidade do México,
onde a Virgem de Guadalupe apareceu a João Diogo em 1531, tem
um grande Santuário e larga devoção. Em Portugal
há diversos pontos onde se venera Nossa Senhora da Guadalupe.
Na Maia, em Águas Santas, foi também ali construído
um pequeno mas belo santuário com essa invocação.
A lenda de Guadalupe é muito antiga. Desenvolve-se em volta de uma pequena imagem de Nossa Senhora, de rosto moreno, em posição sentada, com o Menino ao colo e 59 centímetros de altura; Imagem que, em 560 teria sido enviada de Roma por S. Gregório Magno, a S. Leandro Arcebispo de Sevilha, que a intronizou na antiga Sé em condigno altar. Em 711, á chegada dos maometanos, quando o povo fugia de Sevilha, alguns frades encarregaram-se de levar consigo as relíquias para as furtar à sanha destruidora do inimigo. Em 714, entre muitos objectos preciosos foi levada a imagem de Nossa Senhora, que viria a ser escondida nas margens do Rio Guadalupe, na Serra do mesmo nome e tão bem escondida ficara que só daí a seiscentos anos, seria encontrada.
Nos
finais do século XIII ou nos primeiros do XIV, um vaqueiro que
por ali apascentava o seu gado, à hora de voltar para casa,
notou que lhe faltava um animal. Sem perda de tempo logo se dirigiu
às pastagens de onde vinham, para tentar encontrar a vaca
faltosa que apareceria morta próximo do rio Guadalupe;
encontrando-a intacta, quis aproveitar a pele do animal e, dando
cumprimento à tradição, antes iniciar a tarefa,
com a ponta da navalha fez uma cruz propiciatória no peito do
animal que, para seu espanto, de um lanço se levantou.
Neste
momento de confusão aparece-lhe ali, ao lado “Maria” a Mãe
santíssima, que lhe dissera:
«
- Eu ou sou a Mãe de Deus! Leva a tua vaca e volta à
tua terra. Diz lá, aos clérigos de Cáceres que
venham aqui e que cavem, onde estava a vaca morta. Encontrarão
aí uma imagem minha! Diz-lhes que construam aqui uma capela
para a colocar ... e que não levem daqui a imagem. Tempo virá
em que neste lugar se fará uma igreja, uma casa notável
e uma grande povoação!»
A
Senhora desapareceu. O pastor viu a vaca debaixo de uma árvore
ali próximo e sem perda de tempo, marcharam para casa. Quando
ali chegou viu o pastor que lhe falecera o filho mas, recorrendo à
Senhora, logo o viu salvo!
A
notícia destes prodígios correndo pela cidade levou os
clérigos a deixar-se convencer e vieram com o pastor cavar no
lugar onde a vaca aparecera morta. Encontraram ai a imagem que
mantinha junto objectos que a relacionavam com aquela que tinha sido
trazida de Sevilha no ano de 714. Gil Cordero se chamava o pastor que
daí em diante passou a chamar-se, Gil de Santa Maria. Está
sepultado no Mosteiro.
1
Senhora de guadalupe
Em Procissão,
a Matosinhos.
A
Senhora de Guadalupe,
da
Capelinha altaneira,
Toda
se afligia de ver
a
grande seca que ia,
Pela
bacia do Leça inteira.
Da
Capelinha a Senhora
Toda
se condoía
Por
tudo ver a secar.
Sem
água p´ra dar ao gado,
por
nada ver verdejar.
A
seca obrigava!
Um
dia, a multidão
estrada
fora… Infesta e Padrão.
Levou
a Senhora, em andor,
a
Matosinhos, em procissão!
Levada,
aos ombros, por varões esforçados,
Milagres
mil vezes solicitados.
A
Senhora ia Matosinhos,
ia
ao Mar pedir chuva e
O
Filho, à Mãe, logo dava.
Á
ida, partiram cedo.
O
Sol cedo queimava,
Mas
à vinda,
pela
Senhora da Hora,
Chovia
já, que Deus a dava.
2
A Sinetinha de
Guadalupe
A sineta de
Guadalupe,
Marca as horas
presenteira,
Pequena e de
alegre afinação.
Marca as horas
pelo vale do Leça,
E até S.
Gemil, à Estação.
A sineta de
Guadalupe
Chega a ouvidos,
bem longe,
Lembra tempos
antigos,
Saudades de tempos
passados,
Lembra tempos,
lembra amigos
No Domingo da
Senhora.
Com o sineiro
sempre à corda,
E a sineta a
festejar!
Anda fora a
procissão e
anjinhos a
esvoaçar.
Da sineta de
Guadalupe,
Chega bem longe o
som;
Lembra tempos
antigos,
saudades de tempos
idos,
tempos que já
lá vão.
Sinetinha de
Guadalupe,
Que belo timbre
teu soar,
Discretos olhares
da mocidade,
E prontinha p´ra
dançar.
3
A Festa de
Guadalupe
P´rás
Festa de Setembro,
Primeiro Domingo
se reserva.
Da Capelinha
sobranceira,
E estendido o
milho.
Tem aos pés
a fartura,
Pelas eiras, a
secar
Chegam carros de
melões
De longe e bois
á´bafar;
O rapazinho vem à
soga.
Patrão à
vara. Vem a tocar!
Negócios a
preparar e
compradores sempre
a chegar!
De carapuça
e faixa garrida
Passam ali a
noite.
4
Guadalupe e os
peregrinos de
Compostela
Os peregrinos de
Compostela,
Que por aqui
passavam dantes,
Aqui vinham
repousar.
E, da colina
penhascosa, lá de cima,
Viam ao longe o
que tinham para andar.
Peregrinos
descalços,
Tinham o “quartel”
para descanso,
Chegavam sempre a
cantar,
A sineta tocava
p´rá Missa.
Lembrava;
Peregrinar!
Peregrinos
de Compostela
Aqui
vinham repousar,
E
os peregrinos descalços,
De
Guadalupe já viam,
O
que tinham para andar,
A sineta de
Guadalupe
Marca as horas
presenteira,
Com seu timbre
inconfundível.
Toca p´rá
Missa, acorda peregrinos,
- Peregrino é
p´randar.
5
A RUSGA
A viola, afina a
rusga,
Do bombo vem a
marcação,
Quem dança
inda debica;
Tocar não
dá pró pão.
6
MOÇAS
As moças de
Paço,
Com sete varas de
“estremenha”,
Faziam saias
rodadas.
Com o rodopiar
moça,
saia perde-se pelo
ar,
voava!
M. C.
Santos Leite
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