O Povo continua muito devoto do Mártir São Sebastião, advogado da "fome", da "peste" e da "guerra", em reconhecimento de muitos milagres ocorridos ao longo de 17 séculos.
Lembrar que continuamos sujeitos aos mesmos males de sempre parece excessivo mas, se a "fome" tem hoje o nome de "desemprego"; se a "peste" lembra dificuldades com a Saúde; se a Paz continua " miragem" … então são perfeitamente justificáveis as atenções que o Povo lhe dedica.
É notável a fama de que entre nós desfruta, que corresponde aos martírios, milagres e maravilhas que operou; a inúmeras conversões que ocorreram por sua intervenção e ao duplo martírio em que foi cruelmente seviciado; da primeiro vez à força de frechadas de arqueiros e da segunda pelo chicote, até desfalecer.
Um dia Santa Irene encontrou-o caído, levou-o e ajudou-o a curar-se mas, mal refeito, voltou à lide onde a postura indómita, operava milagres que convertiam pagãos!
São Sebastião mereceu a aparição de Jesus Cristo e a Igreja chamou-lhe "Defensor" e acreditou-o como terceiro "Padroeiro de Roma", depois de São Pedro e de São Paulo.
Está sepultado, em Roma, na "Via Ápia", nas catacumbas com seu nome.
Com base em" Santos de Cada Dia".
Mártir São Sebastião
A Igreja de Nossa Senhora da Saúde e São Sebastião da Mouraria - Os abnegados homens das "bombardas" da guarnição militar de Lisboa, tinham no Castelo de São Jorge, "São Sebastião" como seu Patrono e que fora "Centurião Romano" e Mártir.
Com a temível epidemia que, durante trinta anos, assolou a capital do Império, foi nomeado "advogado da peste".
Quando em 1506 uma grave epidemia assolou Lisboa, e El Rei D. Sebastião (n. 20.01.1554), estando em Montemor-o-Novo tendo ali notícia de que a peste estava extinta, logo ordenara a edificação de um templo no "lugar da Mouraria", já fora de portas da cidade, onde ficava a "Capela da Saúde".
Oito dias depois de ter chegado a autorização do Rei fez-se a primeira procissão solene que daria origem á confraria de Nossa Senhora da Saúde – "Salus Infimorum" sendo a imagem guardada no Colégio dos Órfãos; e aí ficou durante noventa anos.
Desinteligências entre o Colégio e a Confraria levaram a que, a imagem tivesse de ser retirada dali.
Então a confraria logo se preparou para mandar construir uma capela condigna, para seu recolhimento.
Em face da extinção da epidemia e da ordem do Rei, os "artilheiros", que já tinham quase concluída a igrejinha dedicada a São Sebastião, ao saberem da decisão dos do Colégio ofereceram logo à Irmandade agasalho para Nossa Senhora da Saúde, o que logo foi aceite com a condição de a Igreja ficar com o título de "Nossa Senhora da Saúde" e a imagem no lugar principal do retábulo-mor. São Sebastião também mereceu lugar condigno bem ao gosto dos «bombardeiros» e a contento da «Irmandade».
P. Francisco dos Santos Costa – 1991 «Extracto Da igreja da Senhora da Saúde e São Sebastião (Mouraria - Lisboa)»
A penitencial Ceia do Mártir.
A Festa do Mártir São Sebastião em São Pedro de Avioso tem lugar no o dia do Santo, 20 de Janeiro, ou no domingo seguinte.
A festividade ocorre num tempo frio, tempestuoso, mas continua, a ser mantido incólume o programa em cumprimento de um antigo voto.
Pelas Famílias realiza-se na véspera uma ceia de vigília, em tudo semelhante à "ceia de Natal", que vai do bacalhau às rabanadas.
Depois da ceia, o Povo veste-se de luto e dirige-se à igreja, para a Missa "procissão de penitência", todos os anos tem sido realizada.
É impressionante verificar a facilidade com que as pessoas esquecem o frio e a intempérie, para se dirigir às cerimónias e á "procissão de penitência", em que rezam o Terço e entoam a "Ladainha de Todos os Santos".
A "procissão votiva" realiza-se depois que, em tempos recuados, o Povo viveu tempos de peste e fome, fazendo então o "voto" de que, se fosse poupado a novos flagelos, se faria a Festa em cada ano, e que a procissão seria sempre "tirada".
A tradição impõe que a procissão só volte à Igreja depois de dar "três voltas ao templo".
Festa do Mártir São Sebastião.
Em cada ano o Povo de São Pedro junca de verdura o itinerário da procissão, e acende lamparinas e velas por dentro das vidraças.
De todos se apodera o ambiente de penitência, até pelo ritmo da marcha grave da música. Na torre o sino, inconsolável, que "dobrou lugubremente" toda a tarde, continua tangendo até que a procissão recolha.
Houve um ano em que as autoridades proibiram a realização de procissões.
Os devotos protestaram mas de nada lhes valeu; à hora ainda não havia autorização para a procissão!
Por fim o senhor "Oliveira Maia", mais afoito, tomou o "São Sebastião" ao colo e recobriu-o com o capote. Com as mulheres a rezar á frente dele e os homens a cantar atrás, com música ou sem música, lá se "tirou" a procissão. Foram ao Cruzeiro e voltaram, conforme "foi possível"! Mais três voltas à Igreja, a procissão recolheu e o voto cumpriu-se!
De outra vez, o ciclone ventava muito e os mais prudentes aconselhavam a que o andor não saísse. «- Seria impossível aos "costilheiros" impedir que vendaval o derrubasse.»
Foi então improvisado um andor pequeno de imergência e a procissão realizou-se sem percalço.
Em cada ano, os habitantes de S. Pedro, ciosos de que os votos são para cumprir, continuam a tirar a "Procissão do Mártir"! E nem o vendaval mais agreste ou as chuvadas mais ferozes tem impedido! Acreditam que pode ficar o andor mas que o Santo sairá!
O frio e a chuva, em Janeiro, tocados pelo vento suão e gélido, são duros de roer. Mas o Povo mantém-se "pé firme" e assiste a tudo, até que a procissão recolha!
Depois num ápice tudo foge à agrura do temporal a procurar cantinho onde se abrigue!
M. C. Santos Leite
M. C. Santos Leite
HINO AO MARTIR SÃO SEBASTIÃO
Herói militar
Capitão valoroso
Defendei-nos da guerra
Sebastião , milagroso.
Sebastião Santo
Que da peste nos livrais
Sois médico santo
Com santidade curais
Contra a fome, peste e guerra
Sois segura proteção
Livrai-nos de todo o mal
Pela vossa intercessão
Vós que do demónio
Triunfaste vencedor
Defendei nos por quem sois
De temível tentador.
Popular
Sem comentários:
Enviar um comentário