segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Aqui para nós…

«chove em Santiago»  *)

Chove em Santiago,
Meu doce amor,
Camélia branca do ar
Brila entebrecida ô sol.
………………………
Olla a choiva pol-a rua
laio de pedra e cristal.
Olla no centro esvaído
soma e cinza do teu mar.»
Garcia Lorca  **)

O Apóstolo continua a ser o “pivot” de Compostela e dos Caminhos de Santiago, A Catedral banha a Cidade com a riqueza histórica e material em que flutua.
Salientando o riquíssimo “casco urbano, de feição “rústica”, belíssimo e “intocado”, Obra de Povo tenaz e esforçado. De muitos Santos e Beneméritos que a ajudaram a “elevar” a Cidade.

Se é quase impossível falar da cidade de Santiago sem falar do Apóstolo é difícil falar do Apóstolo sem falar da Cidade. O povoado foi crescendo e construindo a par e passo, com o crescendo da fama do Apóstolo.

A cidade de Compostela é muito rica: Começando pela história de povos antigos que vieram à Península: Normandos e piratas Ingleses e outros. Almonçor veio direito a Compostela atraído pela fama das forças ali geradas, que tinham cerceado aos Sarracenos, os caminhos da Europa.

 
À “Praça Maior”, fica na frente da Catedral e chamam-lhe “Obradoiro”. Ali, os ourives traficavam, o ouro.
Outra praça, a nascente, frente à porta Sul do “transcepto”, fica a chamada praça das “Platerias”. As obras de prata vendiam-se na “Praça das Platerias”.
O palácio Rajoy fica Frente à Catedral, na “praça Mayor” ou “Obradoiro”. O palácio Rajoy depois de outras serventias é utilizado como sede do “Governo da Galiza”.
À direita quem sai da catedral nota o Hostal dos Reys Católicos.
Algumas Faculdades da Universidade de Santiago estendem-se para lá do Hostal.
A riqueza de Santiago acompanha seu lado histórico plasmado  por tanto granito moreno esculpido que “fala” como documento da época, a autenticar a documentação histórica!

Da Praça das Platerias parte para Sul a “Rua de “Vilar” que é a rua central da cidade, vetusta e encantadora.
É a castiça ruazinha ladeada de antiquíssimos “sportales”, reminiscência românica, abrigam da chuva os forasteiros e abrigam as lojinhas “medievas”.
Ali pode encontrar queijo moldado em “tetillas”, um modo característico e antigo de apresentar queijo.
A “Rua de Vilar” e “Rua Nova” que pelo Norte a acompanha, emocionam pela vetustez e autenticidade.
A riqueza da Catedral “esconde” a imensa abundância” de arte e história, que se oculta pelo altar maior, pelos altares laterais, pela Catedral inteira, pelos museus e pela Cidade.

A devoção a Santiago sofreu grande incremento depois do ano de 711, quando os Maometanos invadiram a Península e, marchando para a Europa, foram milagrosamente sofreados em “Poittier´s”.
Depois disso, era aglutinadora a força do Apóstolo que passou a ser das chefias cristãs centrais, de onde partiam as ordens e estratégias militares.
Preparando a defesa, as ordens religiosas, espalhadas pela Europa e “compostas por forças populares organizadas por beneditinos”, iam “descendo” de França pelas praias do Cantábrico, para Sul; ora por mar ou por terra, reforçando mosteiros e prestando ajuda às povoações enquanto caminhavam para Compostela.

Pela “Idade média”, os peregrinos confrontados com a presença dos árabes na Península e calcorreando os célebres “Caminhos”, estenderam-se rapidamente por toda a Europa fazendo de Compostela um dos três mais importantes centros de peregrinação,  a nível mundial.
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m. c. santos leite

*) – Com ajuda de: «Conde de Aurora – Caminho Português…(pª 235)»
**) – Idem.