NOSSA SENHORA DE BALSAMÃO

"Nossa Senhora De Balsamão" daria nome a uma simpática terra situada um pouco além de Macedo de Cavaleiros e de Chacim, no "Nordeste Transmontano".
Naquela pequena elevação, situada no meio do "Vale de Chacim", que outrora se chamara "Monte Carrascal", é habitado desde tempos imemoriais. Ali está hoje instalado o conventinho de Nossa Senhora de Balsamão, que é pertença duma congregação mariana de "Padres Polacos", depois que, em 1754, chegou ali frei Casimiro Wyzynski.
O conventinho de "Nossa Senhora De Balsamão" no "Vale de Chacim" é um pequeno paraíso de silêncio. Até se diz que ali, o silêncio é audível!
Ali as tradições, as lendas, prendem sentimentalmente os visitantes e o encanto de Balsamão continua a atrair!
Ali, para os nossos sentidos o milagre do silêncio traduz-se intensamente em paz!
Uma lenda antiga diz que os mouros, fizeram um castelo no "Monte Carrascal".

Depois de passarem os ardores da guerra, e já nos tempos de ocupação, sentiram sempre alguma afinidade no entendimento com os cristãos. No campo das relações pessoais tornavam-se tratáveis, mas, como era seu hábito, oprimiam sempre em matéria de tributos, e isso tornava-os insuportáveis. Os mouros procuravam facilitar a vida daqueles a quem subjugavam mas não se dispensavam cobrar tributos pesados, por tudo e por nada.
No Castelo do Monte Carrascal acontecia o mesmo e entre outras pesadas e arbitrárias exigências do emir, havia uma que obrigada a noiva a passar a primeira noite de casamento na fortaleza, em sua companhia.
A passagem da moirama pelo Norte de Península legou-nos várias lendas em que se fala de tributos pesados, em que o pagamento era feito com a entrega de donzelas.
O tributo ao emir do Monte Carrascal foi sendo pago desse modo, até que um dia um jovem noivo "não esteve pelos ajustes" e revoltou-se.
O noivo era cavaleiro e filho do comandante dos "Cavaleiros das Esporas Douradas de Alfândega". Pedindo ajuda aos companheiros, foram ao castelo e afrontaram a moirama resultando daí um duro torneio.
Os mouros eram muitos e os cristãos viam já a batalha perdida quando viram que uma "Senhora" se deslocava por entre os cavaleiros derrubados, tratando-lhes as feridas do combate. Notaram que os guerreiros tratados logo retomavam as armas e com renovada força voltavam ao mais aceso da luta.
Os guerreiros cristãos foram reconhecendo naquela Senhora, a "Mãe de Jesus" que, “com um vaso de bálsamo na mão", tratava os combatentes caídos.
A batalha pendia para o lado dos mouros mas, depois que os cristãos tal viram e à medida que reconheciam na "visão" a Mãe de Jesus, a sorte mudou! Os cristãos ganharam ânimo e a moirama foi vencida, abandonando de vez o castelo.
Depois disso o castelo deu lugar ao convento, perpetuando o milagre de "Nossa Senhora de Bálsamo na Mão". O que daria, resumindo: "Balsamão".
O Monte não se livrou do topónimo "Carrascal e a povoação que ali havia passou a denominar-se de Chacim, um e outro, reportando-se aos carrascos e à chacina que ali ocorrera. A terra do noivo e dos Cavaleiros, "Alfândega", passou a chamar-se "da Fé", para memória “da Fé” que aqueles cavaleiros puseram no combate.
Combate que sem a ajuda diligente de "Senhora de bálsamo na mão", seria um "impossível" de vencer.
Quando sua Santidade o Papa João Paulo II foi intronizado desloquei-me a Roma, onde por casualidade estive próximo do Cardeal Stefan Wysyzynski, hoje falecido e então Primaz da Polónia. O famoso Cardeal Wysyzynski era aparentado com frei Casimiro.
Entretanto fui tomando conhecimento de que havia uma relação entre um conventinho perdido em Trás -os -Montes e Padres Polacos.
Frei Casimiro Wyzynski, o primeiro padre que chegou, passou por Lisboa, no ano anterior ao «terramoto» mas, não encontrando ali ambiente favorável à fixação, acabou por vir parar a Trás dos Montes. Em Balsamão estivera nesse tempo instalado um antigo e decadente convento franciscano de que o Padre Casimiro acabaria por assumir a orientação. Muitos outros padres polacos por aqui passaram e o convento que assumiu uma invocação mariana.
Depois de 1820 o conventinho foi expropriado e os padres emigraram e fixaram-se em mosteiros da América do Norte. Depois do primeiro quartel do Século XX, utilizando fundos conseguidos no Novo Mundo, os Padres Polacos readquiriram o convento e regressaram. Entretanto alguns terrenos em volta, foram lhes oferecidos, outros readquiridos e o convento voltou a conhecer a vida de memoráveis tempos.
Frei Casimiro Wyzynski, de que se conserva "intacto" o quarto e a tarimba onde dormia, goza de fama de santidade enquanto que no Vaticano se prepara a beatificação.

                                                                         
                                                                                                          M. C. Santos Leite

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